domingo, maio 01, 2011


DIA DA MÃE, DA DO MEU AMIGO E DA MINHA.
Um amigo que partilha comigo a certeza de que a mãe dele e a minha nunca nos disseram “eu morri”, nem elas alguma vez nos ouviram dizer “ a mãe morreu”, continua, tão lúcido como eu me julgo lúcido, a escrever à mãe, c/c para mim:
Sabias que existe um dia da mãe que nunca tiveste? Hoje vais tê-lo, porque o teu filho Tonho Loiro, apesar das carolas que lhe deste na carola, nunca te esqueceu. Também me davas beijos, poucos, porque não tinhas tempo e eu raramente retribuía, porque desconhecia o seu significado. Como não deves ter computador aí em cima, nem deves saber o que é, remando-te todos aqueles beijos não retribuídos, através das nuvens que por coincidência ou não estão cá hoje. Já agora, lembras-te da ti Piedade, mulher do ti João Tendeiro? Era aquela que cozia uma excelente broa, que todos comiam menos nós. Dá-lhe cumprimentos meus e um beijo do Bão, o filho dela e meu amigo.
Ah! Só mais uma coisa; hoje elegeram mais um futuro Santo. Um tal de J. Paulo II. Já nem sei quantos Santos existem, mas dos milagres que fazem, não me esqueço. Deixa-te estar sossegada que isto por aqui está pior do que no tempo do Elias, do racionamento e do milho de fora.
Um xi coração e até breve
Do teu filho Tonho Loiro
Respondi de imediato:
Ó Tonho Louro, que coisa tão linda tu escreveste! É um milagre, sabes. Porque tu julgas que eu estou em Coimbra a caminho da Beira, mas não. Veio a tempestade, olhei na Internet a previsão do tempo e resolvi adiar por oito dias a viagem que te tinha anunciado. Milagre, fiquei só no meu apartamento, levantei-me cedo para seguir a beatificação de João Paulo. Só (a Margarida foi a Coimbra praticar o dever semanal que já conheces) fui revendo, através da minha devoção, a vida que me tem acontecido e que eu só posso agradecer porque não fiz nada para a merecer. E tu estás entre os amigos de muito longa data mas que Deus só aproximou quando Ele muito bem quis. Dizes-me, meio brincando meio a sério, não me dês volta à cabeça... Reconheço no teu escrito para a tua Mãe (quem estivesse por fora a ver a tua Mãe , eu ao pé dela contigo, pensaria talvez que eu é que seria o filho dela, tão parecidos eram os meus cabelos com os da tua mãe..) que as nossas conversas dão frutos ao reconhecermos que se há exemplo na terra que melhor evoque Deus é precisamente o amor de mãe, com as "caroladas" sim senhor, as "caroladas" que Deus também nos manda, espero, ainda com mais amor do que as com que nossas mães nos mimaram na infância.
Tonho, repito, gostei muito, muito do que escreveste. É mesmo com os olhos humedecidos de emoção que eu te digo, rapaz, a boa broa da minha mãe era de milho de dentro, mas feita com a mesma esperança dos que apenas tinham milho de fora para a fazer. E ouço o filho do Benjamim dizer para o ti Torrão: - o que é que você fez à broa que está tão doce... Milagre, Tonho Louro, broa de milho de fora tão saborosa como a de milho de dentro... Porque milagre é ver o acontecimento banal com os olhos da fé.
Um beijo à São. Um grande abraço do Bão, teu irmão dos cabelos loiros.
E que as nossas Mães exultem com os nossos beijos!

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