segunda-feira, agosto 12, 2002

O verso e o reverso da medalha.


Quando se deita uma moeda ao ar é para saber se é cara ou coroas. Apanhamo-la na queda, espalmada entre mãos, e a sorte é determinada pelo primeiro a escolher, a mão direita ou a esquerda, cara ou coroas ou vice-versa. O truque de a apanhar no ar entre mãos é para evitar, não vá o diabo tecê-las, que ao cair no chão, a moeda se ponha a rolar e vença definitivamente a inércia sem verso nem reverso. Se assim fosse, não haveria sorte para ninguém – pelos vistos, o desejo do diabo.
Sorte para todos é desejo divino. Desconfio que ainda não é o programa de todos os homens: há sempre quem queira um pouquinho mais de sorte para si do que para os outros... Mas homem é bicho de fé. Se não em Deus, pelo menos na ciência, cujo fascínio o leva a acreditar de que é possível e plausível ter, simultaneamente, sol na eira e chuva no nabal. Só que até ao momento as soluções ditas científicas também obedecem à lei do verso e do reverso da medalha...